quarta-feira, 31 de julho de 2013

Jogos que amei.

Ficarei afastado tempo suficiente
Longe de todos os sentimentos,
Os amores que eu senti
Resistirão até eu não mais sentir

Resíduo nenhum vai ficar
O amor, pra que amar?
Xeque-mate para o que tanto amei
Aos poucos jogos que tanto joguei.

domingo, 28 de julho de 2013

Carlos e João



Carlos é um homem bom e moral,
Muito mais do que natural.
Dotado de conhecimentos sociais
Muito além dos demais.

Era simples e educado
Por isso muito amado,
Mas não sabia amar,
Nem ao menos se dar.

Era preso em seus pensamentos
Em si, muito lento.
Vivia só em sua mente.
Às vezes parecia um demente.

Suas expressões
Quase não tinha ações
Esse era seu jeito de demonstrar
e até mesmo de amar.

Seus amigos tinham medo de desvirtuar
Culpados não seriam se ele errar,
Queriam ser como ele
Ao menos pensar como ele.

Carlos tinha uma certeza em seu pensar,
Certeza que tinha medo de falar,
Ele não queria ser Carlos que estava a viver
E, sim, como João e seu modo de ser.

Com conhecimento e amor
Para João, muitos davam valor
Alguns o desprezavam por suas ações,
Muitas ações cheias de expressões.

Promíscuo e precavido
Altamente vivido.
Sem segredos e fingimentos
Além dos seus próprios sentimentos.

Carlos sabia que João
Era mais do que um amigão,
Mas ele era muito mais sem noção
Do que Carlos tinha de ação.

E foi assim que Carlos viveu,
Morreu sem ao menos saber que nasceu.
Sem ao menos aproveitar,
Sem história para contar.

domingo, 21 de julho de 2013

Lipi e Eu



Eu fico impressionado quando meus, amigos, familiares ou qualquer outra pessoa diz que se lembra do que gostava de fazer, comer ou brincar quando era criança. Eu não tenho essa habilidade. Minha memória não é uma das minhas maiores qualidades. Acredito que memória e pontualidade disputam cabeça a cabeça a ponta para ver qual é o meu maior ponto fraco, não me esquecendo de, é claro, a ansiedade, correndo por fora, meio que despercebida, mas sempre lá no meu top três. Lembrar datas, coisas que aconteceram ou me contaram não é meu forte, para provar isso posso citar o dia em que eu esqueci, por alguns segundos, a data do meu aniversário. Isso é ou não é o cúmulo do esquecimento? Não fica difícil acreditar que eu não me lembre de muito da minha infância.

A mais distante lembrança que tenho da minha fase de projeto de gente está associada não a fatos, mas, sim, a quem eu atribuo o título de minha primeira amizade, pois foi a primeira pessoa a quem eu senti aquele carinho especial que sinto e dou a todos os meus atuais amigos. O nome dela era Lipi. Uma dálmata. Mas não uma dálmata qualquer, era A dálmata. A mais linda e doce que eu já vi. Eu não sei de onde ela veio, meus pais dizem que ela tinha sido dada a nós por uma amiga que ia se mudar e não tinha mais aonde coloca-la. Lipi era doce, especial e era a minha primeira amizade. Lembro que ela adorava fazer suas necessidades básicas em lugares que não eram necessariamente feitos para isso, deixavando um rastro de fezes por onde passava. Era fácil achar ela. Siga o caminho de merda, dizia o manual. Foi um vizinho nosso que a ensinou para onde correr quando o número dois ou número um estivesse prestes a sair. Esse mesmo vizinho por sinal, também podia se dizer meu amigo, mas não me lembro de rosto, nem do rosto de sua mulher, que também era minha amiga. Faziam coisa para eu comer e como não tinham filhos gostavam de me bajular. Eu, claro, não achava ruim. Nessa época eu era fissurado em Power Rangers e a sala deles era a minha sala de cinema para assistir os episódios. Não me lembro do rosto de meus vizinhos, mas me lembro do rosto de Lipi. Era como a de todas as outras dálmatas, mas ela era diferente. Lembro que toda vez que eu acordava a primeira coisa que fazia era abrir a porta para ver o sol, na mesma hora ela corria em minhas direção para me dar o seu bom dia canino e se eu precisasse usar o banheiro, que ficava fora da casa, durante a noite, Lipi me escoltava e eu gostava daquilo, era como ter sempre alguém cuidando de mim. Não que eu me sentisse com medo de sair à noite, tah, eu sentia um pouco, e a escolta dela me fazia sentir mais tranquilo.

Um dia Lipi fugiu. Não me lembro se ela voltou no mesmo dia ou se demorou para achar o caminho de volta. Sei que ela voltou e depois de algum tempo descobrimos que ela estava grávida. Pouco tempo depois, Lipi estava cuidado de seus Lipinhos, era como se o quintal de casa fosse um canil só de dálmatas ou um episódio do desenho 101 Dálmatas, lembra? Cada filhote era menor que o outro e eu bem que gostaria de pegar um deles no colo e ver como eram de perto, mas Lipi não deixava, protegendo de todos, como se já soubesse o que iria acontecer. Depois que eles pararam de mamar, meus pais distribuíram os filhotes de Lipi pela vizinhança e eu não sei se isso a abateu. Deve ter abatido.

A última lembrança que tenho de Lipi não é das mais felizes. Era um dia de mudança. Da nossa mudança. Meus pais e eu íamos sair de onde estávamos e ir para outra casa, onde no quintal moravam também meus tios e suas filhas. Eles já tinham um cachorro. Um pastor alemão bonito. Grandão. Que botava medo em qualquer um que passasse por ali. Por esse motivo, Lipi não poderia ir conosco para essa nova casa. Foi isso que meus pais me disseram. Ela ficaria com um vizinho nosso e ele prometeu que cuidaria dela como nós cuidávamos e ela ficaria bem. Enquanto íamos embora, eu via Lipi lá do caminhão de mudança, ficando cada vez mais longe de mim. Meu bom dia canino tinha acabado. Era um adeus. Eu sabia disso e tenho certeza que ela também sabia. Tempos depois nós voltamos para visita-la, mas ela não estava nada bem. Não era mais a mesma de antes, parecia doente e um pouco desanimada. Meses depois, meus pais me disseram que ela não estava mais com o nosso antigo vizinho, só que eles não se decidiram se ela havia morrido ou se tinha fugido e não voltado mais. Até hoje eu não sei qual o verdadeiro final.


No fundo eu sei que ela estava mal por não estar mais conosco, por termos deixado ela com outra pessoa, da mesma forma que a amiga dos meus pais tinha deixado ela conosco. Às vezes penso que ela estava doente por não me ter mais ali. Eu era seu amigo e acho que apesar de ser um animal irracional ela sabia o que é amizade ou deveria sentir. Lipi foi minha primeira amizade e minha primeira despedida. Ela foi minha primeira lembrança da infância e uma das poucas que permanecem até hoje na minha cabeça. Talvez minha memória não seja tão inútil assim; talvez ela só se lembre do que realmente vale a pena lembrar.  

sábado, 20 de julho de 2013

A Dúvida do Anjo


 

     Um anjo recebeu uma simples missão que seria ajudar um povo sair da destruição. Uma destruição social causada por diversos humanos dominadores com poderes naturais, exercendo autoridade através de suas grandes quantidades de dinheiro e dominando os bens de capitais. Com isso, grande parte da população tinha um salário a nível de subsistência e, para alguns, nem para subsistir servia. O anjo então  foi designado para esta missão, sempre agindo de modo indireto e invisível, sem se revelar a ninguém, e, como sempre precavido, ia ler os pergaminhos do destino para simplesmente resolver sua missão.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Eternos Ex-Amores


Tantas vezes já não escreveram sobre a arte do encontro e desencontro da vida. Eu mesmo já escrevi várias vezes sobre o mesmo assunto. Por que escrevemos tanto sobre isso? Será que é puro vício ou estamos buscando em cada um deles alguma resposta para tal mistério que é a vida e esse jogo de gato e rato que ela nos encurrala? Tantas outras vezes escreveram sobre o amor. Eu, como você bem deve saber, já escrevi algumas coisas sobre isso também. E a mesma pergunta do assunto anterior se repete nesse: vício ou a procura pela redenção? Acho que está muito mais para o segundo do que para o primeiro e é muita ingenuidade nossa que uma resposta para tais assuntos se revelem assim, do nada, como se crescessem no nosso jardim de uma hora para a outra tal como os feijões de João. Esse tipo de mistério vem desde que o homem arrastava sua amada pelos cabelos e desenhava nas cavernas e nem a invenção do fogo foi capaz de acender um feixe de luz sobre eles.

Certo dia, estou a caminho do trabalho ainda no status de zumbi matinal que é de praxe pela manhã; pego o ônibus, um pouco mais atrasado como de costume, confesso, entro no ônibus e lá está ela. Precisei olhar duas vezes para me certificar que não era nenhuma alucinação me fazendo companhia ou o sono que ainda estava presente para só assim eu pudesse ter certeza. Ela estava lá, naqueles bancos que são reservados para idosos, pessoas com crianças de colo, grávidas ou deficientes, mas que podem ser usadas por pessoas comuns, como eu, ou, no caso, ela. Sim, era ela. E não estava grávida e muito mesmo deficiente ou velha, pelo contrário, parecia ter a mesma idade de quando a vi pela última vez. Deve fazer uns cinco anos ou mais que isso aconteceu. Eu a vi, mas ela não me viu; estava com os olhos fechados, não sei se cochilando ou apenas mergulhada no seu interior de pensamentos. Era ela, um daqueles ex-amores que todos têm e vira e mexe voltam de alguma forma para te balançar e abrir o baú que você já havia trancado a sete chaves, tudo por causa da Lei do Encontro e Desencontro. Se eu disser que ela não me balançou seria mentira, pensei por alguns segundo em falar com ela, em dar um beijo em seu rosto, em plantar bananeira, mas, não, passei por ela da mesma forma que passei pela catraca à minha frente: sem nenhuma reação.

Lá do fundo, apesar das várias cabeças, eu ainda conseguia vê-la, e seus longos cabelos; parece que ela tinha despertado de seu breve sono. Flashes de lembranças vinham a minha cabeça e sorrisos brotavam espontaneamente no meu rosto, parecia que eram aquelas longas fitas VHS que você pegava na locadora e tinha que rebobinar antes de devolver, sabe? Então. Felizmente ou infelizmente, meu ponto chegou e aqueles longos cabelos que tanto me encantaram no passado e que tinham voltando a entram em contato com meus olhos tornara-se lembranças novamente. Lembranças novas de um passado velho de sentimentos breves, mas sinceros para mim. Se você me perguntar se o que eu sentia por ela era realmente o amor, aquele amor que todo mundo fala e defini de diferentes maneiras, eu não vou saber responder. Naquela época parecia que sim, mas o que é o amor? Outro dia ouvi dizer que amor é o quando você quer estar perto de uma pessoa quando ela está longe e estar mais perto ainda quando ela está ao seu lado. Essa é uma boa definição, tanto que foi adotada por mim quando me perguntam o significado dessa palavra ai.

Estar perto quando longe e mais perto ainda quando a pessoa está ao seu lado. Era isso que eu sentia há cinco anos pela garota de cabelos longos que eu encontrei no ônibus. Nesse ponto você que está lendo esse texto está se perguntando ‘poh, mas por que você não falou com ela? ‘por que não deu um oi ou perguntou com ela tava’ eu lhe falo que naquele momento eu não sei vontade de estar mais perto dela, mesmo passado a poucos centímetros de onde ela estava. O amor definido anteriormente e que eu sentia há cinco anos não estava mais ali. Se o amor não é para sempre não é amor, certo? Sei lá. Alguém disse isso e eu acho que também está meio certo. Quanto mais eu escrevo sobre esses assuntos mais complicados eles ficam. Mas eterno mesmo, e esses são eternos mesmo, só os ex-amores, os encontros e desencontros e os textos sobre ambos os assuntos.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Só o Silêncio Consegue Resolver



Só o silêncio consegue resolver
As dúvidas da minha mente,
Sem nada responder
Consegue me satisfazer.

Só o silêncio consegue resolver
A luta que está em minha mente,
De pensamentos a gritar
Conselhos sem pensar.

Só o silêncio consegue resolver
O que até hoje não resolvi
Dizendo o que gostaria de falar
O simples silêncio que estou a escutar.