quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

A Cura


Eu, que vaguei por tanto tempo atrás de mim mesmo,
Percebi que estava procurando alguém que não existia
Alguém que não estava ali por inteiro
Alguém que o tempo todo se convertia.

Eu, que por tanto tempo procurei respostas para minhas perguntas,
Vejo-me aqui, hoje, em frente a um mero desconhecido no espelho
Que não sabe aonde chegar ou aonde ir com tantas duvidas
Atrás de tantos e ao mesmo tempo fugindo de conselhos.

Por muito tempo eu quis abraçar o mundo com meus braços
Mas o mundo era grande demais para caber neles
Eu, que por tanto tempo tentei desfazer os meus complicados laços,
Vi-me então enroscado em um deles.

Onde esta a cura para tudo isso?
Onde encontrar algo que faça um pouco de sentido?
Não fizeram manual para a vida, mas eu tenho alguns discos
Os discos que eu coloco para tocar e embarco no meu mundo infinito.

A cura, a verdadeira cura, brota de dentro da alma
Flui com a batida do meu coração
Se dispersa através da minha fala
E se traduz com a ajuda da emoção.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Soneto dos Pecados



É pecado comer
É pecado aprender
É pecado ceder
É pecado perguntar.

É pecado matar
É pecado não ajudar
É pecado até pensar
É pecado escolher.

É pecado olhar para o mundo
Querer ter prazer, ou, tentar ter.
É pecado olhar para o lado escuro.

E enquanto os pecadores vão vivendo
No meu canto, eu vou me prendendo.
Porque é pecado querer.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Memórias do dia

Quieto em meu canto
Continuando minha vida,
Sim, aquela vida rotineira,
Vida tão corriqueira.

Mas como se os céus abrissem
E de lá não parasse de luminar
Desde o nascer até o por do sol
A paz veio me encontrar.

Mesmo com esse dia calmo
Fico refletindo...
Pensando...
E, porque não, sonhando.

Fatos inéditos acontecem,
Fatos memoráveis.
Como se algo tivesse despertado
Algo que não conseguisse parar de pensar.

Ah, por aqui eu quero ficar,
Não só para descansar,
Mas para ficar em meu memorial
Além do meu emocional.

Um saudosista com saudade
Que redundante,
Mas enfim fico em paz
Para minha vida continuar.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Problemas

Tantos problemas envolventes,
Muitas vezes nos deixam doentes.
Tantos problemas que não queria enfrentar,
Mas eles gostam de me encontrar.

Alguns gostam tantos dos problemas
Que estão somente criando
Proporcionando diversas situações,
Diversas complicações.

Isso vem com uma desculpa:
"Estou fazendo o meu trabalho".
E muitas vezes ela é verdade,
Verdade que oculta.

Talvez, em meu único interesse
O meu trabalho estou a fazer
Sem ao menos me preocupar
Sem ao menos falar.

Pensamento tão pequeno
Devido a uma microvisão
Resolve somente os próprios problemas
Mas não dá solução.

Talvez esse seja o grande problema
Pensar somente no próprio problema,
Pois se pensassem com uma macrovisão
Talvez não tivessem tantos problemas.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Sozinho

Procuro ficar sozinho
Em um lugar isolado.
Um lugar para me esconder,
Um lugar para pensar.

Vou em busca do silêncio
Mas ele se esconde,
Quanto mais eu procuro
Mais um zunido eu ouço.

Procuro um lugar escuro
Mas meu corpo não deixa.
Quanto mais escuro eu vou
Mais os meus olhos dilatam.

Tento encotrar um lugar imóvel,
Mas insetos vem me encontrar
Mesmo que meus olhos venha fechar
Para minha mente algo vai se movimentar.

Sei que a real verdade é que quero relaxar,
Mas não consigo parar de pensar
Problemas pessoais e sociais para solucinar
Memórias e ideias estão para chegar.

Talvez meu corpo não queira ficar só
Faz ouvir barulhos onde não há,
Encontra luz para eu enxergar
Movimenta coisas onde não há.

Pois o meu corpo quer que eu perceba
Que há sons para eu escutar,
Há luz onde acho que não há,
Há pequenas coisas a se movimentar

Para que eu deixe de bobeira
E volte a pensar, reagir e olhar
Mesmo que eu deseje ficar sozinho
Mesmo que eu deseje me isolar.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

A Maldição do Samba



“Não deixe o samba morrer; não deixe o samba acabar; o morro foi feito de samba, de samba pra gente sambar.”

Por muito tempo eu achei a afirmação de que todos os brasileiros tinham uma gota de samba nas veias era ridícula e ingênua, já que nunca fui fã do ritmo carnavalesco e me negava a escutar qualquer coisa que não tivesse afinidade com meu gosto musical. Mas já há algum tempo ela começa a fazer mais sentido, pelo menos para mim. Não que eu tenha me tornado um adepto fervoroso do estilo musical, longe disso, mas não o vejo com tanto preconceito como antigamente. Preconceito. PRÉ- conceito. Está ai uma palavra que deveria ser abolida do vocabulário e comportamento humano, mas isso já é outro assunto e para outro texto, vamos tocar o ritmo desse primeiro.

Deixe-me ir/ Preciso andar/ Vou por aí a procurar/ sorrir prá não chorar...

Foram esses versos do sambista Cartola que me abriram os olhos, ou os ouvidos, acho que é melhor dizer assim, e me fizeram perceber que realmente, querendo ou não, existe um pouco do samba em cada brasileiro. Talvez não no gosto musical, seria quase um crime dizer que uma pessoa que adora rock também ama samba; nem todas as pessoas têm um gosto eclético ou a boa vontade de escutar outros gêneros musicais assim, mas na maneira de levar a vida com certeza existe. A ginga e a malícia do samba estão em cada brasileiro; o jeito malandro do passista está em cada um de nós e em cada uma das caminhadas ao longo da nossa própria avenida, que teimamos em fazer dentro do tempo e mesmo depois de muitos e muitos ensaios, às vezes, o estouramos. Faz parte, serve de lição para a próxima vez. O sorriso também é herança do samba, afinal você já viu algum sambista triste? Eu ainda não e acredito que irei a um velório de anão antes de isso acontecer. Alem disso, as únicas gotas d’água que vi cair do rosto deles são de suor; ah, isso eles têm de sobrar, assim como energia, ou talvez seja alguma formula mágica que o samba contém, vai saber... Eu acredito em tudo. Se roqueiro faz pacto com o diabo, os sambistas podem muito bem fazer pacto com a RedBull.

Quero assistir ao sol nascer/ Ver as águas dos rios correr/ Ouvir os pássaros cantar

Esse incessante querer tudo e todos; de abraçar o mundo que há no carnaval, seja no sambódromo, nos blocos de rua, ou na festinha de garagem da sua casa. Por que o carnaval é o carnaval? É a festa da carne – dirão os mais radicais. Tá, mas e daí? Para o samba não importa se é a festa da carne, do frango ou do bolinho de arroz; ele só quer se propagar, seja no carnaval ou nos churrascos na laje, com aquele sol de 500 mil graus de temperatura batendo na pele da morena que samba e samba, loucamente sem parar, como se estivesse ligada em uma tomada de duzentos e vinte. Ele é o motivo para reunir os amigos, para juntar a família; seja qual for o seu gosto musical, é impossível não dizer que o samba é capaz de proporcionar coisas fantásticas como essas; motivos suficientes para amar o samba.

Talvez o samba seja uma espécie de maldição dos brasileiros, mas, deixe-me explicar: nem toda maldição é coisa ruim. Existem maldições que nos ajudam a viver e talvez o samba seja uma dessas maldições que vem para o bem, como foi a maldição da Fera, que serviu para despertar nela o verdadeiro amor, aquele que não é sustentado pela aparecia, mas, sim, pelos significados internos do ser; o samba pode servir para libertar os sentimentos internos das pessoas, fazendo eles transbordarem em águas em seu rosto e sorrisos, sim, aquela mesma água e aquele mesmo sorriso citados anteriormente. Essa é a maldição do samba, meu rapaz, que faz o gringo subir no morro e beber cachaça, como já diria o meu camarada D2 em um dos seus relatos musicais.

Mas, afinal, o que quer o sambista? Ele quer nascer; quer viver. Então, que assim seja. Começo a achar que o samba não fez só o morro; mas a alma de todos nós também, pois o anel de bamba pertence a todos, mas só usa quem merece.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Segredo

Quantos segredos uma pessoa esconde?
Quantos erros e amores?
Quantos desejos estranhos?
Quantos segredos?

Esconde de seus melhores amigos,
De seus familiares,
Daqueles que realmente te amam
Que realmente querem teu bem.

Coisas ocultas no coração
Que envolvem desejos,
Que envolvem carater,
Que envolvem amizades.

Coisas que não são reveladas a ninguém
Nem mesmo ao próprio eu,
Pelo medo de perder algo,
Pelo medo de perder tudo.