sexta-feira, 19 de julho de 2013

Eternos Ex-Amores


Tantas vezes já não escreveram sobre a arte do encontro e desencontro da vida. Eu mesmo já escrevi várias vezes sobre o mesmo assunto. Por que escrevemos tanto sobre isso? Será que é puro vício ou estamos buscando em cada um deles alguma resposta para tal mistério que é a vida e esse jogo de gato e rato que ela nos encurrala? Tantas outras vezes escreveram sobre o amor. Eu, como você bem deve saber, já escrevi algumas coisas sobre isso também. E a mesma pergunta do assunto anterior se repete nesse: vício ou a procura pela redenção? Acho que está muito mais para o segundo do que para o primeiro e é muita ingenuidade nossa que uma resposta para tais assuntos se revelem assim, do nada, como se crescessem no nosso jardim de uma hora para a outra tal como os feijões de João. Esse tipo de mistério vem desde que o homem arrastava sua amada pelos cabelos e desenhava nas cavernas e nem a invenção do fogo foi capaz de acender um feixe de luz sobre eles.

Certo dia, estou a caminho do trabalho ainda no status de zumbi matinal que é de praxe pela manhã; pego o ônibus, um pouco mais atrasado como de costume, confesso, entro no ônibus e lá está ela. Precisei olhar duas vezes para me certificar que não era nenhuma alucinação me fazendo companhia ou o sono que ainda estava presente para só assim eu pudesse ter certeza. Ela estava lá, naqueles bancos que são reservados para idosos, pessoas com crianças de colo, grávidas ou deficientes, mas que podem ser usadas por pessoas comuns, como eu, ou, no caso, ela. Sim, era ela. E não estava grávida e muito mesmo deficiente ou velha, pelo contrário, parecia ter a mesma idade de quando a vi pela última vez. Deve fazer uns cinco anos ou mais que isso aconteceu. Eu a vi, mas ela não me viu; estava com os olhos fechados, não sei se cochilando ou apenas mergulhada no seu interior de pensamentos. Era ela, um daqueles ex-amores que todos têm e vira e mexe voltam de alguma forma para te balançar e abrir o baú que você já havia trancado a sete chaves, tudo por causa da Lei do Encontro e Desencontro. Se eu disser que ela não me balançou seria mentira, pensei por alguns segundo em falar com ela, em dar um beijo em seu rosto, em plantar bananeira, mas, não, passei por ela da mesma forma que passei pela catraca à minha frente: sem nenhuma reação.

Lá do fundo, apesar das várias cabeças, eu ainda conseguia vê-la, e seus longos cabelos; parece que ela tinha despertado de seu breve sono. Flashes de lembranças vinham a minha cabeça e sorrisos brotavam espontaneamente no meu rosto, parecia que eram aquelas longas fitas VHS que você pegava na locadora e tinha que rebobinar antes de devolver, sabe? Então. Felizmente ou infelizmente, meu ponto chegou e aqueles longos cabelos que tanto me encantaram no passado e que tinham voltando a entram em contato com meus olhos tornara-se lembranças novamente. Lembranças novas de um passado velho de sentimentos breves, mas sinceros para mim. Se você me perguntar se o que eu sentia por ela era realmente o amor, aquele amor que todo mundo fala e defini de diferentes maneiras, eu não vou saber responder. Naquela época parecia que sim, mas o que é o amor? Outro dia ouvi dizer que amor é o quando você quer estar perto de uma pessoa quando ela está longe e estar mais perto ainda quando ela está ao seu lado. Essa é uma boa definição, tanto que foi adotada por mim quando me perguntam o significado dessa palavra ai.

Estar perto quando longe e mais perto ainda quando a pessoa está ao seu lado. Era isso que eu sentia há cinco anos pela garota de cabelos longos que eu encontrei no ônibus. Nesse ponto você que está lendo esse texto está se perguntando ‘poh, mas por que você não falou com ela? ‘por que não deu um oi ou perguntou com ela tava’ eu lhe falo que naquele momento eu não sei vontade de estar mais perto dela, mesmo passado a poucos centímetros de onde ela estava. O amor definido anteriormente e que eu sentia há cinco anos não estava mais ali. Se o amor não é para sempre não é amor, certo? Sei lá. Alguém disse isso e eu acho que também está meio certo. Quanto mais eu escrevo sobre esses assuntos mais complicados eles ficam. Mas eterno mesmo, e esses são eternos mesmo, só os ex-amores, os encontros e desencontros e os textos sobre ambos os assuntos.

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