domingo, 26 de agosto de 2012

O Homem, o Jovem e os Cachorros



Em uma cidade, não tão pequena, mas não muito grande; uma cidade como qualquer cidade moderna, onde o transito já começava a exaltar a paciência e o calor do sol derretia o a disposição, existia um homem, um andarilho. Um homem que não tinha casa, muito menos nome; um homem que se vestia maltrapidamente, e andava como se tivesse suas pernas cansadas e derrotadas pela dor da idade. Esse homem, cujas pessoas olhavam assustadas e tratavam de desviar assim que o avistavam, andava sempre de um lado ao outro de certa avenida, também não tão grande, nem tão pequena; apenas uma avenida. O homem fazia o mesmo caminho, de um canto a outro, mas não fazia sozinho; o homem era acompanhado por cachorros, muitos cachorros que o cercavam fazendo uma espécie de escudo em volta do homem maltrapido.

Na esquina dessa avenida, um jovem observava a caminhada do homem todos os dias e sempre no mesmo horário enquanto tomava o seu cappuccino; aquilo o deixava intrigado. Um dia o jovem o abordou na rua e perguntou ao homem maltrapido se ele queria que lhe pagasse um café, uma comida, alguma coisa. O homem maltrapido abanou a cabeça, mas disse-lhe que ficaria grato se ao invés disso ele poderia levar um de seus cachorros a algum veterinário, pois o mesmo estava muito doente; o jovem achou um tanto estranho a reposta do homem, mas não hesitou e levou o cachorro para uma veterinária conhecida sua e após esse episódio nunca mais viu o homem maltrapido.
Algum tempo depois, passados alguns meses, ou talvez, alguns dias; o jovem voltou a ver o homem maltrapido acompanhado de seus cachorros; continuava do mesmo jeito, com os mesmo cachorros ao seu redor; ao lado dos seus pés, sujos e machucados pelo calor do asfalto, o homem tinha uma tigela com uma quantidade de comida; comida que ele, com as próprias mãos dividiam com seus apóstolos caninos; era uma espécie de multiplicação do arroz vamos assim dizer. Novamente, o jovem ficou confuso, foi em direção ao homem e perguntou-lhe porque dividia sua escassa comida com os cães, se ela não era suficiente nem para alimentar um homem como ele.
Estranhamente natural, o homem respondera que assim como ele os cães também precisavam comer. O Jovem, mais uma vez intrigado com tal atitude, perguntou-lhe o porquê que ele vivia rodeado de tantos animais sujos e imundos com aspectos tão traiçoeiros que poderiam em um momento de desespero ataca-lo sem motivo algum; se valia a pena correr esse risco; se os cães eram mesmo de sua confiança e se ele tinha mesmo certeza de que em um dado momento eles não poderiam abandona-lo, fazendo com que todo o seu carinho e generosidade fosse em vão.

O homem então ergue a cabeça e com um sorriso irônico no rosto disse ao jovem a seguinte frase:
- Meu jovem; não sei se você percebeu, mas estão ao meu lado cachorros e não os homens bem vestidos que tomam café e sorriem ironicamente para você enquanto tomam café. Acho que essas perguntas estão sendo feitas para a pessoa errada.

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